Um elevado número de faltas de uma aluna preocupa a professora, que leva o fato ao Conselho Tutelar. Ao saber, avó da menina – ao contrário do que qualquer pessoa com o mínimo de valor moral faria – resolve marcar a vida e o rosto da professora, dando-lhe uma bofetada.
A Divina
É bom lembrar que tudo isso não passa do mais fiel retrato de uma frouxidão moral, alimentada por leis arcaicas que estimulam os criminosos, sempre favorecidos por uma intocável impunidade.
A violência escolar se banalizou de tal forma, vulgarizou-se a tal ordem que notícias de agressão a professores chamam a atenção da população apenas quando a gravidade do ocorrido extrapola os muros da escola.
Insisto na necessidade de medidas que dêem tranqüilidade aos pais, alunos e professores. Para que isso aconteça, eles precisam ser ouvidos. Suas queixas e sugestões têm que atingir os mandatários educacionais do Estado.
Definitivamente, a escola pública não pode ser mera caixa de ressonância de uma sociedade marcada pela violência. Mas um paradigma de mudança social, primeiro e indispensável passo em direção a um futuro promissor.
Na história de Dante existe o paraíso. Aqui, também. Pelo menos na cabeça dos que nos prometem mudanças, punição para os fora-da-lei, fim da impunidade e tudo mais. Mas, essas promessas passam, e bem rápido, embaladas no profundo sono do descaso.
A bofetada no rosto da professora dói em cada um de nós. Arde em nosso peito, destrói nossa identidade e queima, bem devagar, consumindo o orgulho, o pouco que ainda nos resta, de sermos brasileiros.
Palmiro Mennucci é presidente do CPP (Centro do Professorado Paulista)
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